Estudantes de Niterói planejam o futuro com Autonomia

Minha primeira matéria no site da Fundação Roberto Marinho, onde sou estagiária, foi marcante por diversos fatores. O primeiro e mais óbvio por ser uma matéria para o site da FRM; o segundo pela experiência de rua que adquiri ao lado da equipe que fazia gravação de depoimentos para o projeto Autonomia, nome dado ao Telecurso Carioca. E finalmente, pelos personagens que encontrei nas escolas que dividiram comigo suas histórias de vida e me possibilitaram realizar tal texto. Espero que apreciem...


Estudantes de Niterói planejam o futuro com Autonomia

Uma das salas de aula do Colégio Estadual José Bonifácio transformou-se em ponto de encontro preferido de quinze jovens da periferia de Niterói. São meninos e meninas, de 15 a 18 anos, que engrossavam o índice de defasagem idade-série ou fora da escola. Ali, eles reaprendem diariamente a planejar o futuro por meio do programa Autonomia, realizado em parceria entre a Secretaria Estadual da Educação e a Fundação Roberto Marinho. Ao utilizar a metodologia do Telecurso, como os passeios temáticos, atividades de socialização e as teleaulas, o projeto devolve a cada um deles o prazer de estudar.

“Antes de entrar no Autonomia eu faltava muito às aulas, porque tinha dificuldade de aprendizagem. Agora é o contrário: saio da sala pensando no que vou aprender amanhã”, confessa a aluna Alessandra Pinto da Silva, 15 anos. Em 2008, ela não passou no 6º ano e ingressou no programa por recomendação da diretora. “Em pouco tempo, melhorei meu jeito de lidar com as pessoas, fiquei mais responsável. Antes eu gritava com minhas professoras, brigava na sala, agora não faço mais isso. O Autonomia é tudo para mim”.

Contando os dias para a formatura que acontece em abril no Maracanazinho, Alessandra é uma entre os sete mil jovens do programa Autonomia que concluem o ensino fundamental. “Já esperei demais por esse dia. Agora é continuar estudando e se Deus quiser fazer vestibular para direito. Quero ser juíza, colocar ordem nas coisas, separar o certo do errado. Porque hoje eu descobri que o certo é estudar e o errado é não estudar”.

Companheiro de sala de Alessandra, Jonathan da Silva, 16 anos, também sonha alto: “Sonho com o curso de arquitetura. Daqui a vinte anos quero ter um bom emprego, minha família e uma casa”, afirma. Ex-aluno problema, ele viu sua história mudar com o Autonomia. ”Descobri o programa por meio de um amigo e me interessei. Antes fazia supletivo, mas não gostava. Na verdade, estudar sempre foi um problema. Não via nada de interessante nas aulas e por isso faltava muito. Comecei a perceber a besteira que fazia quando repeti a sétima serie. Agora, com o Autonomia, aprendi valores como responsabilidade, amizade e união, coisas que vou levar para vida toda”, declara.

Entre os estudantes da sala, Bruna de Souza é considerada por todos a mais dedicada. O rostinho de criança esconde facilmente seus 17 anos e as dificuldades que enfrenta. ”Quando criança, estudava em uma escola particular, mas minha mãe não teve mais condições de pagar. Depois que fui reprovada três vezes na sexta série, perdi o ânimo e abandonei a escola. Só agora, com o Autonomia, fui começar a pensar em futuro, faculdade. Terminando o ensino fundamental, continuarei no programa para concluir o ensino médio. Depois corro atrás de uma faculdade de moda. E tenho os meus motivos: sou gordinha e tenho problemas na hora de comprar roupas e, quando encontro, há poucas opções”, diz Bruna.

Por Monique Andrad

Site da FRM: http://www.frm.org.br/ 
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