Mais quantos como o pequeno João é necessário para que algo mude?


Ainda estou abismada com o desastre que acometeu o Rio de Janeiro, como é possível viver em uma cidade na qual o direito de ir e vir com segurança – garantido na Constituição – já não mais impera?

Pois bem, mais uma vítima se fez necessário nessa “Guerra Urbana”, sinceramente, já estou farta dos pedidos de desculpa oriundos do governo e com toda certeza trocaria cada um deles por uma ação mais enérgica (no sentido de mais eficiente).

“Que polícia é esta, meu Deus?” Bradou mais um pai desesperado e assim viu-se ao vivo e a cores, como gostamos de dizer, mais uma família destroçada, vítima de um Estado impotente e policiais despreparados. Sei que não tenho autoridade para questionar o treinamento concedido aos nossos homens da lei, mas tenho coração e lágrimas suficientes para pedir justiça aos culpados e consolo à família.

“O menino João Roberto não está mais entre nós, ele só tinha dezesseis...” dizia a música cantada por Renato Russo, pena que o João Roberto morto impiedosamente pelo Estado não teve nem mesmo a chance de atingir os seus dezesseis anos.

Será possível que não haja uma solução a curto prazo? Não consigo acreditar que um país com dinheiro suficiente para realizar um Pan-Americano e se candidatar a país-sede de uma Olimpíada não tenha dinheiro em caixa para melhorar a vida da sua população. Ontem foi o João Hélio assassinado pelos bandidos, hoje foi o João Roberto e sua família fuzilados sem dó nem piedade por policiais que nem ao menos possuem a hombridade de assumir a culpa. E amanhã? Quem será o próximo João a nos comover com sua triste história?

Pensando nisto, me lembrei de um outro João, o João Cabral de Melo Neto, e de seu poema denominado Morte e Vida Severina que nos remete fala da morte, ou melhor, de uma morte Severina.

“Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida)”.

3 comentários:

Aldevan Junior disse...

Mais quantos é necessário ou mais quantos serão necessários?

AMO-TE!!!

Tamyres Matos disse...

Também fiquei extremamente emocionada e muito triste com a história do garoto que foi MAIS UMA vítima de uma polícia que é reflexo das atitudes bossais do governo do Estado do Rio de Janeiro. Mais sempre devemos ficar alerta àquilo que toma destaque na grande mídia e de qual maneira. NÃO é a primeira vez que a polícia toma uma atitude desse tipo. E o João Roberto não é a primeira criança vítima de tudo isso.

Tamyres Matos disse...

Digo isso porque, como sabemos, isso tem ocorrido nos morros todos os dias, mas A DIVULGAÇÃO DA VIOLÊNCIA É DISSONANTE.