Obra Minha: Tema... Campanha Eleitoral


Em ano de eleiçôes como este de 2008 vê-se de tudo na busca quase insana por mais um voto. Porém, uma coisa permanece: as campanhas, os santinhos entregues pelas ruas da cidade, os programas mirabolantes exibidos na televisão, as falsas promessas...

Sempre me perguntei: Será que tudo isto convence o eleitor de votar em tal candidato e não naquele outro? Será que uma bela campanha pode convencer os eleitores? Acredito que não, uma vez que nunca em minha vida presencie alguém dizendo " votarei em fulano de tal porque ele entrega mais santinhos na minha rua" ou então " ía votar em X, mas a música da campanha de Y é tão bonitinha que votarei nele". Até concordo que tem sim um certo valor, mas nada que modifique ideologias...

No mais isso é assunto para quinta-feira junto com a surpreendente decisão do nosso querido César Maia de tornar a Universidade do Rio de Janeiro (UERJ) na Universidade do Município do Rio de Janeiro, genial não acham? rs Enfim, voltando a vaca fria a postagem de hoje é toda voltada para o papel das campanhas na processo eleitoral, afinal de contas o horário eleitoral gratuito se inicia hoje oficialmente na televisão e no rádio.

Campanhas eleitorais não garantem voto.
“As propagandas dos candidatos são incapazes de persuadir os eleitores”, afirma estudioso no assunto.

A revista de número 27 da Logos publicou, no segundo semestre de 2007, uma pesquisa denominada “Intenção de voto e propaganda política: Efeitos da propaganda eleitoral”. O estudo tinha por finalidade identificar os efeitos da propaganda na construção da intenção de voto, com base em campanhas entre 1989 e 2006. O trabalho foi realizado por Marcus Figueiredo, doutor em Ciência Política pela USP, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA).

O professor esclareceu o objetivo de seu trabalho “compreender o efeito da propaganda política em diferentes momentos do processo eleitoral, além de medir empiricamente a magnitude desse efeito na manutenção ou na alteração da vontade eleitoral”. Nesse sentido, Marcus analisou a natureza do impacto da propaganda política e dos debates eleitorais entre partidos e candidatos na visão do eleitor e em que medida esses debates sobrepujam ou interagem com outros fatores, tais como o contexto sócio-econômico e os processos históricos.

Segundo ele indica em seu trabalho, o uso de várias teorias se fez necessário para a compreensão do processo eleitoral “teorias que ora enfocam um conjunto de variáveis estruturais, estáveis ao longo do tempo: identificação partidária e ideológica dos eleitores, posição de classe, avaliação do estado da nação, da economia e do desempenho dos governantes; ora estudam as variáveis comunicacionais, algumas estáveis ao longo do tempo (por exemplo, hábitos de consumo e exposição à mídia) e outras de curtíssimo prazo, como exposição às propagandas políticas e eleitorais”, salientou.

Outro fator lembrado por Marcus como relevante ao longo das campanhas por ele estudadas foram “Os acontecimentos extra-campanha e os acontecimentos de campanha, dentre os primeiros, alguns podem ter fortes ligações com o processo eleitoral, como denúncias sobre candidatos; outros são de origem independente, mas podem ser usados política e eleitoralmente – por exemplo, comportamentos duvidosos no passado ou no presente de um candidato, normalmente objeto de interesse das mídias, ou mesmo algum desastre natural que possa ter sido mal administrado.”

Durante o estudo Marcus descobriu que “em uma conjuntura eleitoral com dois ou mais candidatos, por exemplo, a distribuição das intenções de voto no início da corrida eleitoral será a mesma da véspera da eleição; e que todos os acontecimentos políticos, de campanha e extra-campanha, não interferem na predição das intenções de voto. De acordo com a tal hipótese, as propagandas dos candidatos são incapazes de persuadir os eleitores, mas apenas garantem o voto de seus seguidores originais. Este não é, em princípio, um cenário ruim. Um candidato pode começar uma campanha bem posicionado e garantir-se nela até o final.”

Como exemplo para tal análise, Marcus utilizou a campanha presidencial de 2002 na qual Lula manteve seu bom índice de intenções de voto durante toda a empreitada eleitoral. Segundo dados da pesquisa, o candidato mesmo antes do início do período eleitoral, já possuía 34% de votos. Número este que alcançou médias de 43% e 59% com a divulgação de seu programa na mídia. Em contra partida, o desempenho da campanha de Serra, de acordo com Marcus, teve o mesmo padrão, sendo prejudicado somente pela baixa porcentagem inicial 13,5% dos votos. O que prova segundo consta na pesquisa que as campanhas são pouco eficientes na captação de votos.

CRÉDITOS: AGENC

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