A barca da Tia Pepa

Arredores da Tijuca (Fonte: Globo.com)
Hoje, dia 8 de abril, é o dia do jornalista e como estudante de Comunicação Social decidi ao invés de falar sobre as expectativas de quem está na faculdade, relatar as emoções que enfrentei, nesta segunda-feira, diante do temporal que caiu no Rio. A primeira recordação da chuva é das 17h56min quando escrevi este tweet “Chove torrencialmente na UERJ! O trânsito visto pela varanda da universidade está bem lento. Agora é rezar para não alagar tudo #transitoRJ”. Bem, o fato é que meia hora depois disto as imediações do Maracanã já estavam intransitáveis e a cidade junto.

Presa na Uerj devido a tempestade que só aumentava, liguei para o motorista da condução particular que me leva da Uerj até em casa e descobri que a van estava enguiçada próximo ao estádio. Resultado: meu namorado, dois amigos, uma colega e eu ficamos na faculdade entregues a própria sorte esperando o volume de água diminuir. Perto das nove da noite decidimos enfrentar o que a chuva nos reservava e seguimos rumo à estação de metrô que estava cheia e confusa. Ironicamente, a parte de cima tinha muita gente, mas o metrô mesmo estava vazio e a viagem ocorreu sem maiores problemas...

O problema só veio quando desembarcamos na estação da Central e percebemos a gravidade da situação: ônibus, taxis e carros estavam, totalmente, parados nas ruas alagadas da cidade e o jeito foi caminhar... Caminhar da Central do Brasil até o bairro de São Cristovão na esperança de conseguir uma condução que nos levasse a Ilha do Governador. Mas, no caos que estava nem os taxistas queriam mais trabalhar alegando que a Linha Vermelha era arriscada devido aos alagamentos.

Centro da Cidade (Fonte: Internet)

Praticamente onze da noite e lá estava meu namorado, a colega citada acima e eu em frente ao Corpo de Bombeiros de São Cristovão com a sensação de que andamos, andamos e morremos na praia a quilômetros de casa. Mas, eis que meu celular toca e nosso amigo Eduardo, vulgo Pepe, nos envia um anjo de candura que nos resgata molhados, cansados e a beira do pânico. O anjo, ou melhor, a anja era Tia Pepa em seu carro cinza, placa KGV (Inesquecível!), que abria caminho pela água suja e barrenta na tentativa de ir para a Uerj buscar o Pepe.

O mais irônico é que ele disse “Vai pro posto BR aí perto e procura a placa KGV que a minha mãe está esperando vocês”, mas na ânsia de encontrá-la todas as placas pareciam começar pela letra “k”. O fato é que somos encontrados, entramos e seguimos pela Quinta alagada em direção a Uerj. Com pouco trânsito devido aos alagamentos chegamos rápido - sempre com Tia Pepa abrindo caminho pelas águas - e resgatamos o Pepe e o Felipe, nosso outro amigo.


Desabamento no Bairro das Pitangueiras, Ilha do Governador, próximo
 ao 17o Batalhão, perto da minha casa (Fonte:viviakerman via twitter)

A partir daí vivemos o outro lado da história, pois havíamos enfrentado a chuva de fora do carro, vendo o pessoal parado e caminhando pelas ruas alagadas como em uma procissão. Mas, dessa vez estávamos presos no engarrafamento quilométrico, sem ter para onde ir e já passando da meia noite... Parecia mesmo que iríamos dormir apertados dentro do carro, porém o Pepe teve a ideia de pegar o acesso para Zona Sul em São Cristovão – de novo – e fomos para Copacabana, Botafogo, Lagoa rumo ao túnel que incrivelmente estava vazio, quase deserto e escuro.

Após todo esse martírio vimos com alegria o Hospital do Fundão se aproximando e consequentemente nossa Ilha querida. Após horas de transtorno chegamos sãos e salvos em casa, graças a barca da Tia Pepa. Para o abraço carinhoso e preocupado de nossas mães e para uma banho de álcool na tentativa de higienizar nossas pernas e pés da água suja.

2 comentários:

Carolina Pessôa disse...

Nossa, q sufoco! Da Central até São Cristóvão a pé?!

Aldevan Junior disse...

Depois dessa, estamos prontos pra outra!